Principal arguido do caso Pelicot condenado a 20 anos de prisão
O principal arguido e ex-marido de Gisèle Pelicot, Dominique Pelicot, de 72 anos, foi condenado hoje a 20 anos de prisão pelo Tribunal de Avignon, no sul de França, por violação agravada.
Dominique Pelicot, que admitiu ter violado e drogado com ansiolíticos a vítima durante anos para ser violada por dezenas de desconhecidos recrutados na Internet, foi condenado com a pena máxima em França, a primeira sentença do caso proferida contra 51 arguidos, com idades compreendidas entre os 27 e os 74 anos, acusados de agressão sexual e violação.
Dominique Pelicot admitiu em novembro de 2020 ter drogado a então esposa por quase uma década e ter recrutado dezenas de outros homens para violá-la. Há outros 50 homens em julgamento, além do ex-marido de Pelicot.
Gisèle Pelicot decidiu renunciar ao direito ao anonimato, ao qual as vítimas de crimes sexuais têm direito em França. Ao fazê-lo, “abriu a porta para uma conversa difícil sobre violação em relacionamentos e casamentos”, considera Tobin. “Como este caso exemplifica, as realidades da violência sexual podem ser muito diferentes do que as pessoas consideram ser “típico”. “A violação estereotipada (e outros crimes sexuais em geral) envolve uma vítima solitária, jovem, atraente e feminina atacada por um estranho, à noite, num lugar público. O agressor pode usar uma arma e a vítima resiste ao ataque fisicamente”, descreve Tadgh Tobin.
“Muito poucos casos atendem a todos estes critérios e a maioria é drasticamente diferente”, aponta. Por exemplo, “muitos sobreviventes de violação podem ser homens, mais velhos ou deficientes”. Os seus agressores podem ser “pessoas que eles conhecem e em quem confiam ou podem ser charmosos e generosos e o ataque pode ocorrer à porta fechada”. Para vítimas femininas, o agressor mais comummente relatado é um “parceiro íntimo (46%) e para vítimas masculinas é um conhecido (38%)”.
Pelicot é uma sobrevivente mais velha, “vitimizada na sua própria casa pelo ex-marido e outros que ela conhecia” – o que “está muito distante do estereótipo de ‘perigo de estranhos’ – e espelha a dura realidade de que a maioria dos casos de violência sexual ocorre entre pessoas que se conhecem e dentro de espaços privados, por norma a casa do perpetrador ou da vítima”, considera o especialista em Psicologia Forense.
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