Proibição de partilha de contas na Netflix pode ser ilegal. Deputados pedem intervenção do Governo
Deputados questionam legalidade do fim de partilha de contas Netflix. Estarão em causa princípios da Constituição e regras de proteção de dados dos consumidores.
A Netflix proibiu desde quinta-feira (8) a partilha gratuita de contas entre utilizadores que não residam na mesma casa. Mas três deputados do Partido Socialista questionam a legalidade da medida, que entrará efectivamente em vigor a 22 de Fevereiro. Estarão em causa princípios da Constituição e regras de proteção de dados dos consumidores.
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Segundo o Jornal de Notícias, os deputados Paulo Araújo Correia, Hugo Oliveira e Hugo Carvalho argumentam que a medida levanta dúvidas à luz do Regulamento Geral de Protecção de Dados e pode pôr em causa o respeito pela “vida privada dos consumidores”, já que a Netflix irá recorrer ao endereço de IP (identificadores de dispositivo) e monitorizar a actividade da conta para controlar eventuais partilhas com outros domicílios.
“O referido procedimento implicará, necessariamente, a utilização de equipamentos eletrónicos de vigilância e controlo, e subsequente tratamento de dados recolhidos. Tal implica limitação ou restrição do direito à reserva de intimidade da vida privada do consumidor, nomeadamente restrição à liberdade de movimento, integrando aqueles dados, por tal motivo, informação relativa à vida privada dos consumidores”, alegam os deputados dos PS.
A questão foi dirigida ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que a encaminhará para o ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Utilizadores da Netflix tem até ao dia 2 para definir locaalização
Os deputados querem saber se já foi feita alguma diligência junto da entidade reguladora do sector das comunicações, a ANACOM, a fim de “perceber que procedimentos estão a ser adoptados pela mesma, para garantir o integral cumprimento por parte da Netflix da legislação em vigor”.
Portugal é um dos primeiros países europeus em que a partilha de contas fora do domicílio do titular vai passar a ser cobrada. Os utilizadores da plataforma de streaming têm até ao dia 21 de fevereiro para definir a localização a que a sua assinatura ficará vinculada. Na noite de quinta-feira, o acesso à Netflix já fazia acompanhar de uma mensagem a alertar para o dever de prestar essa informação. Bem como a seguinte indicação: “Se não for definida [pelo utilizador] localização principal, definiremos uma automaticamente com base na morada IP, identificação de dispositivos e actividade da conta.”
Foto: D.R.
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