PSP tem identificadas “várias dezenas” de pessoas alegadamente responsáveis pelos distúrbios
A PSP anunciou hoje que tem identificadas “várias dezenas” de pessoas no âmbito das investigações em curso aos distúrbios em vários bairros da Área Metropolitana de Lisboa, estando muitas delas a serem monitorizadas através das redes sociais.
“Há várias dezenas de indivíduos que estão prestes a ser identificados no âmbito das investigações em curso, quer por instigação à pratica de crimes, quer por apologia à prática de crimes nas redes sociais que podem ter consequências gravosas”, disse o comandante do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP, Luís Elias.
Na conferência de imprensa sobre os distúrbios na Área Metropolitana de Lisboa, o comandante do Cometlis deu conta de que a PSP deteve até ao momento três pessoas, mas muitas das identificadas podem vir a ser detidas.
Luís Elias explicou que está a ser feito um acompanhamento nas redes sociais da incitação à violências por parte dos serviços de informação da PSP e GNR.
“Temos um dispositivo montado quer na perspetiva da investigação, quer na ordem pública. Vamos continuar a exercer a atividade numa perspetiva preventiva, numa primeira linha, e de reação e reposição da ordem pública caso haja novos focos de desordem”, disse, destacando a “articulação muito estreita” entre a PSP e as autarquias locais.
Por sua vez, o diretor nacional em substituição da PSP, Pedro Gouveia, destacou o trabalho que está a ser desenvolvido com as autoridades governamentais e no âmbito do Sistema de Segurança Interna, existindo um grupo de trabalho com todas as forças e serviços de segurança e serviços de informação.
Pedro Gouveia frisou que todas estas entidades estão coordenadas e a trabalhar em conjunto para “repor a tranquilidade e a ordem pública”.
Segundo o diretor da PSP em substituição, a Polícia Judiciária está a desenvolver investigação relativamente aos crimes de incêndio e está a investigar a morte do homem de 43 anos baleado na madrugada de segunda-feira por um agente da PSP na Cova da Moura.
“Estamos a fornecer toda a informação possível à PJ, porque queremos celeridade no processo”, disse, não se alongando sobre as circunstâncias em torno da morte, ao notar que estão a ser averiguadas numa investigação em segredo de justiça.
Desde a noite de segunda-feira que foram registados desacatos no Zambujal, na Amadora e, já na terça-feira, em bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo,
Estes desacatos decorreram após Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, ter sido baleado mortalmente por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e ter morrido pouco depois no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno.
Segundo a PSP, os dois agentes estão agora em serviço administrativo e a receber apoio psicológico.
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By Impala News / Lusa
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