Violência contra as mulheres aumenta no Brasil e afeta 28,9% da população
Um estudo divulgado hoje pelo Instituto de Investigação Económica Aplicada (Ipea) indicou que 28,9% das mulheres foram vítimas de algum tipo de agressão no Brasil em 2022, num ano em que foram registadas 822 mil violações.
Duas mulheres são violadas a cada minuto no Brasil, mas apenas 8,5% dos casos são comunicados à polícia, de acordo com o Ipea, instituto gerido pelo Estado brasileiro. Os adolescentes de 13 anos são as principais vítimas de violação, enquanto na maioria dos casos os autores são os namorados ou ex-parceiros da vítima, membros da família, amigos ou conhecidos, de acordo com o estudo, que se baseia em relatórios recolhidos pelo Ministério da Saúde sobre a violência contra as mulheres no Brasil.
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Outro estudo divulgado hoje mostrou que todas as formas de violência contra as mulheres registaram um “forte aumento” no ano passado no Brasil, especialmente as relacionadas com agressões físicas e ameaças com facas e armas de fogo. Quase 30% das mulheres afirmaram terem sido vítimas de algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses, o que representa cerca de 18,6 milhões de mulheres com mais de 16 anos, segundo dados de um inquérito realizado a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Violência contra as mulheres afetam principalmente adolescentes e jovens adultas
Infrações verbais (23,1%), perseguição (13,5%) e ameaças (12,4%) foram as formas de violência mais citadas pelas inquiridas. “É de notar que estamos perante um aumento acentuado de formas graves de violência, que podem levar à morte de mulheres, tais como o aumento de episódios de perseguição, agressões tais como bofetadas, socos e pontapés, ameaças com uma faca ou arma de fogo e espancamentos”, lê-se no estudo, citado pela agência espanhola Efe.
As ameaças perpetradas com uma faca ou arma de fogo aumentaram 5,1% em comparação com o estudo realizado em 2021, enquanto o número de espancamentos e tentativas de estrangulamento cresceu 5,4%. De acordo com o estudo, as mulheres negras (65,5%) sofreram mais do dobro da violência que as mulheres brancas (29%) no ano passado.
Em termos de faixa etária, 30,3% dos casos foram relatados por aquelas com idades compreendidas entre os 16-24 anos, seguidas pelas de 25-34 anos (22,8% dos casos). As mulheres mais jovens sofreram mais abusos verbais, enquanto as mulheres com 45-59 anos sofreram os níveis mais elevados de violência, tais como espancamentos (8,2%), ameaças com faca ou arma de fogo (8,7%) e esfaqueamento ou tiroteio (4,5%).
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Os dados também mostram que as agressões físicas e espancamentos são muito mais frequentes entre as inquiridas com rendimentos até dois salários mínimos (cerca de 500 euros). As mulheres separadas e divorciadas foram o principal alvo de agressões (41,3%), em comparação com as mulheres casadas (17%), viúvas (24,6%) e mulheres solteiras (37,3%).
Em todos os casos, a maioria das agressões (53,8%) tiveram lugar em casa e foram principalmente causadas por parceiros ou ex-parceiros. De acordo com o estudo, quase metade das vítimas relataram não ter feito nada depois de terem sofrido um grave episódio de violência e apenas 14% das inquiridas relataram o crime numa esquadra da polícia.
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