Zelensky arrasado por “espetacularizar a guerra” ao lado da mulher
Volodomyr Zelensky e Olena Zelenska são protagonistas de uma reportagem que está a valer muitas críticas ao presidente e primeira-dama da Ucrânia.
Visto como um exemplo para muitas pessoas nos quatro cantos do mundo, Volodomyr Zelensky está a ser arrasado. O presidente ucraniano é alvo de muitas críticas por “espetacularizar a guerra” ao lado da mulher, Olena Zelenska. Tudo devido à produção que o casal fez para a Vogue, que terá a primeira-dama ucraniana na capa na edição de outubro.
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Num vídeo é mesmo possível ver Zelensky a sorrir. Por sua vez, Olena chega a posar ao lado de soldados ucranianos e junto a um avião destruído. A polémica reportagem é da autoria da jornalista Rachel Donadio, conta com fotos da afamada Annie Leibovitz e foi realizada em Kiev. “Retrato de coragem: a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska” é o título da controversa peça que está já a correr mundo.
“Mas é claro que estou a sentir a falta deles [família]. Queria tanto abraçá-los. Queria poder tocá-los”
“O lar também é a linha da frente. (…) Posso fazer isso por uma parte do nosso povo, por uma parte significativa. (…) Mas para mulheres e crianças, a minha mulher estar aqui é um exemplo. Acredito que ela desempenha um papel muito poderoso para a Ucrânia, para as nossas famílias e para as nossas mulheres”, diz Zelensky à publicação. Que aproveita a entrevista para reforçar o pedido de que todos os países apoiem a Ucrânia. Ao mesmo tempo que desvaloriza as alegações em torno da importância do gás russo para a Europa. “Serei muito honesto e talvez não muito diplomático: o gás não +e nada. Mesmo a covid não é nada quando comparada com o que está a acontecer na Ucrânia. (…) Apenas tente imaginar o que estou a dizer a acontecer na sua casa, no seu país. Ainda estaria a pensar nos preços do gás ou eletricidade?”, questiona.
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Numa conversa que aborda o lado pessoal, Zelensky não esconde a preocupação que sente em relação à mulher e aos dois filhos do casal. “Como qualquer homem comum preocupo-me muito com eles [família], com a sua segurança. Não queria que fossem colocados em perigo. (…) Não é sobre romance. É sobre horrores que estavam a acontecer aqui na periferia de Kiev e todos aqueles horrores que estão a acontecer agora no nosso país, em territórios ocupados. (…) Mas é claro que estou a sentir a falta deles. Queria tanto abraçá-los. Queria poder tocá-los”, desabafa.
“Não posso pensar nisso [serem alvos russos] muito a sério, porque senão ficaria paranoica”
O presidente ucraniano deixa ainda muitos elogios à mulher. “Ela tem uma personalidade forte para começar. E provavelmente ela é mais forte do que pensava que era. E esta guerra… bem, qualquer guerra provavelmente trará qualidades que você nunca imaginou ter. (…) Claro que ela é o meu amor. Mas ela é a minha maior amiga. (…) Olena é realmente a minha melhor amiga. Ela também é patriota e ama profundamente a Ucrânia. É verdade. E ela é uma excelente mãe”, diz. Por sua vez, Olena salienta que os últimos meses foram os piores da sua vida. “Estes foram os meses mais horríveis da minha vida e da vida de todos os ucranianos. (…) Francamente, acho que ninguém está ciente de como conseguimos lidar emocionalmente. (…) Estamos ansiosos pela vitória. Não temos dúvidas de que venceremos. E é isso que nos mantém em movimento”, defende. A primeira-dama confessa ainda que tenta não pensar que ela, o marido e os filhos possam ser alvos russos desde a invasão. “Não posso pensar nisso muito a sério, porque senão ficaria paranoica”, diz.
Muitas críticas nas redes sociais
A reportagem do casal está a ser alvo de muitas críticas que não chegam apenas de anónimos. Ian Bremmer, cientista político e presidente do Grupo Eurasia, é uma das vozes críticas. “Zelensky tem feito um trabalho espetacular a derrotar russos na guerra de informação. Uma sessão fotográfica para a Vogue em tempos de guerra é uma ideia péssima”, partilhou no Twitter. “Gosto da capa. Só acho que o presidente não deveria ter participado”, acrescenta após várias perguntas dos seguidores.
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“Uau! Tiveram tempo para fazer isso no meio da guerra. Impressionante”, é uma das muitas críticas que se encontram online. “Muito interessante que, no meio da guerra, o presidente e a sua mulher encontrem tempo para se arranjar, serem mimados com maquilhagem e cabelo para serem entrevistados e fotografados. As notícias dizem que as pessoas estão a morrer?”, escreve outra pessoa. “A romantizar a guerra, não é Vogue?”, é apenas mais um exemplo.
Texto: Bruno Seruca
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