PR moçambicano promete combater corrupção e manifestações de “evangelho de ódio”

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, prometeu hoje acabar com a corrupção, justificando que não há desenvolvimento num país com “bandidos e ladrões”, e a colocar fim às manifestações pós-eleitorais que pregam “evangelho do ódio”.

PR moçambicano promete combater corrupção e manifestações de

“Nós viemos aqui para dizer que tudo o que prometemos já começámos a fazer, como disse vamos continuar a fazer e uma dessas coisas é que precisamos de combater a corrupção. Não há nenhum país no mundo que se desenvolva com corruptos, com bandidos, ladrões, com manifestantes violentos que atacam os outros, que destroem bens”, disse o chefe de Estado, discursando na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, onde efetua uma visita de trabalho.

Chapo acusou os promotores dos protestos de usarem as manifestações pós-eleitorais para “estrangular a economia” nacional e para “destruir as estradas, esquadras de polícia e roubar armas para matar o povo”.

O Presidente de Moçambique apelou à “união” para travar protestos usados para “colocar em causa” símbolos, heróis e emblemas nacionais.

“Fica claro que existem pessoas que, tal como usaram os terroristas e o assunto da religião e da juventude, também se aproveitaram das eleições para poder fazer manifestações, pregar o evangelho do ódio entre irmãos moçambicanos, para destruir Moçambique”, acusou Chapo, referindo-se às manifestações e paralisações antes convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados das eleições de 09 de outubro.

No mesmo discurso, o Presidente prometeu combater terroristas em Cabo Delgado, como os ataques do grupo paramilitar localmente designado naparamas, que tem efetuado ataques em algumas aldeias das províncias da Zambézia e Nampula.

“Moçambique é como a nossa casa, podemos falar, podemos discutir as nossas ideias (…) É para discutir ideias e nunca a violência nem em casa, nem no bairro, nem na machamba [campo agrícola] e nem no trabalho, não pode haver violência. Somos irmãos”, concluiu Chapo, apelando ao diálogo.

Os naparamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.

Historicamente, os naparamas classificam-se como uma força que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a dar-lhes alegada “proteção sobrenatural” que acreditam que os torna imunes, até a balas.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro com a vitória a Daniel Chapo nas presidenciais.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

 

PME // VM

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS