Professora guineense considera Amílcar Cabral “o futuro do presente”
A professora universitária guineense Zaida Pereira considera Amílcar Cabral, “pai” das independências da Guiné e Cabo Verde, “o futuro do presente que se vive” e aponta como prova a importância que jovens e academias dão aos seus escritos.
Antiga reitora da Universidade Amílcar Cabral e da Universidade Católica de Bissau, Zaida Pereira, linguista formada em Portugal, abordou, a pedido da Lusa, o centenário de Amílcar Cabral, a celebrar no dia 12 de setembro, tendo deixado o seu pensamento a respeito do revolucionário.
“Amílcar Cabral é incontestavelmente o futuro deste presente que nós vivemos, que nós estamos a vivenciar”, destacou a professora, uma conhecida ativista por causas culturais na Guiné-Bissau.
Zaida Pereira não tem a certeza se os escritos de Cabral já foram submetidos ao programa “Memórias do Mundo”, da UNESCO, mas já não tem dúvidas quanto ao valor desses documentos pelos jovens e pelas academias de todo o mundo, disse.
“Há um interesse crescente nas academias pelas propostas de Cabral, mas esse interesse resulta em parte da atualidade da visão que Cabral tinha, (…) nomeadamente, da emancipação dos povos e de questões do desenvolvimento”, observou Pereira.
A professora guineense entende que nunca fez sentido como agora a palavra de ordem de Cabral “pensar pelas nossas cabeças e andar pelos nossos pés” que diz ser, uma proposta teórica metodológica de “rotura com modelos exógenos” impostos aos povos africanos, notou.
Zaida Pereira defende que Cabral “projetou coisas que hoje são evidências” também por ter estado “à frente do seu tempo”.
A professora guineense considera Cabral “um homem multifacetado” que atuou num “contexto difícil”, mas em que, disse, “soube defender a sua visão” e que hoje desperta o interesse de alunos e estudantes guineenses.
O facto de Amílcar Cabral ter sido considerado, numa votação realizada em 2020, por historiadores para a BBC, o segundo maior líder mundial de todos os tempos, é também para Zaida Pereira um dos motivos do interesse dos jovens.
Os intercâmbios de estudantes guineenses com universidades estrangeiras onde Cabral “é estudado e celebrado” é outro dos motivos, refere Pereira.
“Há um movimento também de renascimento, se assim que quisermos dizer, do pan-africanismo muito forte e Cabral é uma das figuras centrais do pan-africanismo junto do [Franz] Fanon, junto com [Kwame] Nkrumah e outros”, sublinhou a professora guineense.
MB // JMC
By Impala News / Lusa
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