Situação no norte de Moçambique piorou significativamente em abril
As Nações Unidas alertam que a situação humanitária no norte de Moçambique piorou significativamente em abril devido aos novos ataques de grupos armados nas províncias de Cabo Delgado e Niassa, com 43.000 deslocados.

De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), consultado hoje pela Lusa, a escalada de violência por parte de grupos armados não estatais em abril resultou em “deslocações generalizadas e no aumento de preocupações com a proteção”.
“Entre janeiro e abril, cerca de 43.000 pessoas foram deslocadas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa, registando Ancuabe [distrito de Cabo Delgado] mais de 23.000 novos deslocados. A atividade dos grupos armados na Reserva Especial do Niassa em abril desalojou 1.000 pessoas [no distrito de] Mecula”, refere-se no documento.
A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em 29 de abril, provocaram pelo menos duas mortes: dois guardas florestais decapitados.
De acordo com aquela agência das Nações Unidas, a maioria dos deslocados são mulheres e crianças, “que enfrentam riscos acrescidos de violência de género, separação familiar e acesso limitado aos serviços essenciais”.
“Surgiu um padrão recorrente de deslocação onde muitos indivíduos, afetados pelo conflito, permanecem nas suas comunidades e fugindo temporariamente para áreas de floresta próximas durante os ataques, logo a seguir regressam a casa”, explica-se.
Segundo o OCHA, até finais de abril, os “parceiros humanitários” prestaram alguma forma de assistência humanitária a aproximadamente 54% de cerca 1,3 milhões de pessoas vulneráveis no país, alvos do Plano de Resposta e Necessidades Humanitárias da ONU, que requer mais de 350 milhões de dólares (309,7 milhões de euros), este ano.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
LYCE // MLL
By Impala News / Lusa
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